"brilho da lua, noite é bem tarde, penso em você, fico com saudade"
quando penso em nós dois, é aí que eu realmente não consigo dormir. meu sono só é realmente tranquilo se ele respira ao meu lado e se oferece o ombro para eu deitar a cabeça. não sei em que ponto do nosso relacionamento ele se tornou importante assim pra mim, só sei é que o fez. e já faz tempo. no momento, me agarro ao travesseiro, pensando. "é só uma noite", ele disse, "vou à reunião e volto no dia seguinte". será que ele sente o mesmo que eu?
de repente, ouço o celular vibrar na mesinha:
"travesseiros de hotel não são tão macios quanto você. nem possuem cabelos tão cheirosos"
sorri. eu não era tão louca afinal. recostei-me no travesseiro mais uma vez, respirando o cheiro dele. talvez mais uma caneca de chá ajude. pra nós dois.
"é uma pena. quer uma caneca de chá pra relaxar? infelizmente os travesseiros aqui sofrem do mesmo mal. não são gostosos como o seu ombro"
"eu adoraria. estou com saudades. reunião amanhã às oito. torça por mim. amo você"
"amo você. volte logo"
não comentei sobre minha dificuldade pra dormir. achei desnecessário. fiz uma caneca de chá bem quente e voltei a deitar. troquei os travesseiros de lugar e ajeitei as cobertas mil vezes, até pegar no sono mais de uma hora depois. na manhã seguinte, foi fácil sair da cama sem os sussurros, suspiros e pedidos de "só mais cinco minutos, vai te atrasar muito?", mas não tão divertido.
o dia passou normalmente. acho que as pessoas o meu redor não eram capazes de perceber a mudança que tinha acontecido em mim, muito menos o que eu havia constatado. haveria um espaço para ele sempre, insubstituível, não só na minha cama, mas na minha vida.